10/05/2023
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Há precisamente 110 anos, nascia em Lisboa o ator e declamador João Villaret. O seu talento para o teatro revelou-se precocemente, tendo ingressado no Conservatório Nacional de Lisboa aos 15 anos, depois de terminar o liceu. Em 1930, após concluir o curso, passa a integrar o elenco do Teatro Nacional D. Maria II, na duradoura companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, onde permaneceu até 1944. Fez a sua estreia nos palcos em 1931, na peça ‘Leonor Teles’, de Marcelino Mesquita, na qual contracenou com Palmira Bastos, Raul de Carvalho e António Pinheiro. Mais tarde, integrará o elenco da companhia teatral Comediantes de Lisboa, fundada em 1944 por António Lopes Ribeiro e pelo seu irmão Ribeirinho.
Além do teatro mais “canónico”, onde em 1954 teve o seu ápice na peça ‘Esta Noite Choveu Prata’, de Pedro Bloch, João Villaret fez também teatro de revista, onde se estreou em 1941, chegando mesmo a encenar algumas peças da sua autoria, como ‘A Nossa Revista’, juntamente com Maria Clementina, ‘Diz-se por Música’, em coautoria com Lucien Donnat, e ‘O Jogo da Laranjinha’, encenada por Rosa Mateus. Em 1947, fez sucesso na revista ‘Tá Bem ou Não ‘Tá?’ com o marcante tema ‘Fado Falado’, escrito por Aníbal Nazaré e Nelson de Barros.
Para lá do trabalho teatral, João Villaret fez várias aparições no cinema, estreando-se em ‘Bocage’ (1937), de José Leitão de Barros, realizador com quem colaborou também em ‘Inês de Castro’ (1944) e ‘Camões’ (1946). Destacou-se numa interpretação memorável em ‘Três Espelhos’ (1947), de Ladislao Vajda, surgindo também em três filmes de António Lopes Ribeiro, nomeadamente ‘O Pai Tirano’ (1941), ‘Frei Luís de Sousa’ (1950) e ‘O Primo Basílio’ (1959).
Fazendo uso da mestria que ganhara nos palcos e no cinema, assim como na rádio, experimentou a televisão, divulgando os grandes nomes da poesia nacional num programa na RTP. Nesse espaço mediático, conquistou ainda mais fama como declamador, sendo muito apreciado pela sua interpretação de poemas como ‘Cântico Negro’, de José Régio, ‘Procissão’, de António Lopes Ribeiro, ou ‘O Menino de Sua Mãe’, de Fernando Pessoa. Através do seu grande talento, que fez com que se tornasse um dos mais excecionais recitadores portugueses, muitas pessoas tiveram acesso aos mais belos textos da literatura universal.
João Villaret faleceu em 1961, aos 48 anos, apenas um ano depois de uma doença o obrigar a retirar-se dos palcos.
A partir das 21h10, Jorge Afonso recordará o trabalho do ator e declamador no programa “Uma Noite em Forma de Assim”.