06/07/2016
No âmbito do Projeto de Animação Comum da Leitura da Biblioteca Almeida Garrett, muitos alunos da Escola Básica 2/3 do Viso, Foram escritos, uns no Clube Dez Dedos de Escrita, outros na Comunidade de Leitores, atividades dinamizadas pela Biblioteca Escolar.
1. Palavras
Tocam-me
como lábios,
como beijos.
Pássaros, sedentos de ramos
e de sombra,
pousam-nos nos ombros.
A movimentos de asa,
desenham-me ainda um corpo
- Secreta arquitectura de água,
Rasgada no vento.
Luísa Dacosta
Palavras
Escondidas, prontas para atacar,
São palavras que doem,
Que ferem, atormentando a vida
Daqueles que as ouvem.
Escuras, sentem-se,
Magoam, mas,
Por um raio de luz, desvanecem.
Mas não para sempre...
José Coutinho, 7º B (Clube Dez Dedos de Escrita)
Palavras
Vêm com o vento.
Eu abro a janela e
Uma brisa sopra.
Ao de leve sinto, ouço
As palavras que saem do teu corpo,
Dos teus lábios.
Penso, repenso e,
Do nada sinto-me
Rodeado.
Levanto voo e
Embalado pelas palavras
Me cresce uma paixão.
Gonçalo Rocha, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)
Palavras
Eu deito-me,
E sonho.
Sonho que desenho.
Que desenho Palavras.
Umas tristes,
Outras felizes.
Umas malvadas,
Outras queridas e engraçadas.
Eu sonho,
Mas sonho feliz.
Pois desenhar palavras,
E fazer os outros felizes,
Faz-me a mim
Sorrir.
Rafael Santos, 7º B (Clube Dez Dedos de Escrita)
As Palavras
Têm a cor verde como a esperança, a folha e a árvore,
O planalto esverdeado, a maçã e os arbustos.
Verdes como as tartarugas, o musgo e as algas.
Verdes como a floresta, a maresia e o mundo.
Refrescam como a sombra e o mar.
Completam histórias com derrotas e vitórias.
Aquecem como os amigos e o calor.
São criativas como um grande pôr-do-sol.
Voam quando o vento lhes toca.
Fazem com que sonhemos acordados.
Esvoaçam como o pensamento das pessoas.
Prolongam a alegria e acabam com o mal.
São alegres como as flores e toda a natureza.
São nossas amigas e têm um sentido radiante.
Gostam de todos.
A mim aquecem-me.
Com elas escrevo natureza, paraíso, bonança e beleza.
Com elas escrevo a paz, a união, a harmonia e a liberdade.
Com elas escrevo família, alegria, flores e cores.
Com elas escrevo amizade, asa de pássaro e poesia.
Com elas escrevo tudo.
Poema coletivo do 5º A (Comunidade de Leitores)
Não é o restolhar do vento.
É a tua lembrança
Que se ergue em mim.
Não é a rosa a esfolhar-se.
É a minha boca – sede e romã –
Que sangra na tarde.
Não é a noite que desce.
É a sombra dos teus olhos
A fechar o horizonte.
Luísa Dacosta
Poema de amor
Os teus lábios escarlates me ofuscam
O teu amor me corre nas veias
Amor vivo, amor doce
Amor sem fim e sem princípio.
A tua saudade me preenche
E na noite eu me encontro
Embalado pela luz do teu olhar.
Os teus olhos reluzentes
Fazem-me esquecer das gentes que vejo passar.
As tuas mãos, os teus gestos me fazem pensar
Quem sou?
Porque o sou?
Vou apenas deixar passar…
Gonçalo Rocha, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)
Quero todo o teu espaço
e todo o teu tempo.
Quero todas as tuas horas
e todos os teus beijos.
Quero toda a tua noite
e todo o teu silêncio.
João Silva, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)
Do teu peito aberto eu voo.
Navego no teu corpo.
Toco-te de leve
como se de uma brisa se tratasse.
E tu, meu amor,
permaneces em silêncio.
Permaneces quieta, muda.
Firme e hirta, soltas uma palavra.
Gonçalo Rocha, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)
“A beleza é igualada pelo sofrimento, e é ele que a torna tão necessária, frágil e preciosa.”
Luísa Dacosta
Como:
A beleza das nuvens escuras que parecem novelos de lã.
A beleza do calor que queima mas também aquece e conforta.
A beleza do mar agitado com a força das ondas de encontro às rochas.
A beleza da chuva no momento de adormecer.
A beleza do outono com as folhas a cair.
A beleza do pôr-do-sol que ilumina o fim do dia.
A beleza das flores que murcham e ficam suaves.
A beleza do inverno na neve que cai e no fundo que embranquece.
A beleza das árvores despidas, como rendas, no inverno.
A beleza dos relâmpagos que tudo iluminam.
A beleza da noite que nos abraça.
A beleza da tristeza que quando nos atinge, faz-nos sentir vivos.
Texto coletivo do 5º A (Comunidade de Leitores)
Fatalidade
Não sei tecer
senão espumas,
nuvens
e brumas.
Coisas breves,
leves,
que o vento desfaz.
Como prender-te
em teia tão frágil?
Luísa Dacosta
Tão frágil que se quebra
Com uma simples lágrima,
Ou uma discussão.
A minha teia é irreversível.
Nunca me digas não,
Com os teus braços enrolados em mim,
Como um pássaro aterrando em casa.
José Coutinho, 7º B (Clube Dez Dedos de Escrita)
Não sei tecer
senão o sonho,
as flores,
e os animais.
Coisas simples,
duradouras,
que a felicidade nos traz.
Como crescer sem sonhar?
Não sei rimar
senão falar de livro,
coração
e amigo.
Coisas intermináveis,
que nem o sofrimento apaga.
Como viver sem um amigo?
Não sei gritar
senão paz,
harmonia
e alegria.
Sentimentos que deviam governar o mundo,
mas que a vida desfaz.
Como é não conseguir sonhar?
Não sei viver
senão a dançar coisas vivas
e a sonhar com liberdade.
Não sei o que é a vida
senão coisas da imaginação,
que se tornam reais
quando descobrimos o seu sentido.
Como viver a vida se estamos frágeis?
Não sei pensar
senão se a vida tem sentido,
se o mar é infinito
e se as coisas insignificantes podem destruir o mundo.
Coisas invisíveis,
profundas,
que o sonho não pode travar.
Como fazer um mundo melhor?
Texto coletivo do 5º A (Comunidade de Leitores)