22/05/2024
Bullying!
"a forma como lidamos de forma distraída ou negligente com ele, e não protegemos as crianças vítimas, torna-nos, a todos, cúmplices com o bullying."
Eduardo Sá!
Não, não há uma epidemia de episódios de bullying.
Mas, sim, os episódios de bullying estão a ser mais frequentes e mais precoces. Muitos, começam no jardim de infância!
Não, na maior parte das vezes, não se traduzem em agressões físicas que deixem escoriações ou nódoas negras. Mas em menos actos de mau-trato fisico e em muito mais episódios de exclusão, intimidação, manipulação, humilhação e ameaças de represálias de um pequeno grupo de crianças (duas ou três) sobre um colega, com a conivência um bocadinho assustada de toda a turma.
Sim, estes episódios são transversais aos rapazes e às raparigas, e são mais frequentes até ao 9⁰ ano.
Sim, na maioria das vezes, elegem o peso duma criança, a sua timidez ou inibição, a forma como se veste ou as marcas de roupa, que não ostenta, por exemplo.
Sim, estes episódios estendem-se, facilmente, do recreio da escola à sala de aula e às redes sociais. E, regra geral, prolongam-se por mais do que um ano lectivo.
Sim, as crianças que vitimam acabam por ter esses mesmos comportamentos anos a fio sem que ninguém as proteja dos seus actos.
Sim, muitas destas situações de bullying, são protagonizadas por crianças com boas notas e não tanto por alunos com carências sociais ou com "necessidades educativas especiais".
Não, estas situações não são, de todo, exclusivas das escolas públicas.
Sim, os pais de muitas crianças que vitimam colegas são, muitas vezes, motivo de enorme receio por parte das escolas, tal é a forma arrogante ou prepotente (ou, no outro extremo, demissionária) como reagem quando são interpelados por elas.
Não, estes casos não se resolvem com mais polícia à porta da escola.
Não, aos professores nunca é fornecido um "código de conduta" que os auxilie, oriente e proteja quando se trata de actuarem sobre estas situações.
Não, não é com aulas de educação cívica que se erradica a violência da escola.
E sim, a forma como lidamos de forma distraída ou negligente com ele, e não protegemos as crianças vítimas, torna-nos, a todos, cúmplices com o bullying.