
Muitas vezes dentro de um transtorno alimentar se esconde o desejo de ser olhada/o e cuidado.
Ao me agredir, agrido quem me quer bem, me mostrou incapaz de me cuidar e preciso de um pai ou uma mãe provedor . Este pai e mãe também é buscado nos relacionamentos íntimos , “cuide de mim” , “me carregue” . A cada passo para cura me bate o medo de não ser mais doente , pois assim eu terei que tomar conta sozinha de mim mesma. Se os outros não acreditam que estou mal 🤢, preciso chegar ainda mais ao fundo do poço , atentar contra minha vida , parar em uma clínica , talvez aí percebam o quanto estou doente e decidam nunca mais me abandonar, decidam me cuidar , me zelar.
Muitos dos casos de transtornos alimentares, bem do transtorno de Boderline. Quando o adoecer não tem o foco principal o corpo , ele na verdade disfarça, a doença do medo do abandono , do medo da incapacidade financeira , do medo de não ser vista é preciso da doença para mostrar que não sou capaz , preciso adoecer e ser cuidada .
Nestes casos nada adianta trabalhar o relacionamento alimentar, sem antes aumentar a autonomia de quem se encontra nesse estado . O foco aí não é a comida , mas a codependencia e tratando a comida , a pessoa então arrumaria uma outra forma de se machucar , para ferir quem lhe falta com atenção .
Diferente da maioria dos casos que trabalho, estes casos em especial tem um apelo singular e uma outra linha de tratamento a seguir , a linha da autonomia e da independência financeira e emocional.
A linha da liberdade de sua própria prisão mental , a linha do ser grata ao invés de ter expectativas, a linha de preencher o próprio vazio , sem desejar que o outro preencha a sua necessidade, a linha de equilibrar a balança do dar e receber.
Quando isto estiver equilibrado, então equilibraremos o relacionamento alimentar com nossos desafios e tabelas , pois só assim teremos paz em não substituir um transtorno por outro ❤️🫂